Enchentes e provas (IELTS exam)

Olá crianças!!! Eu sei, eu sei, vocês morrem de saudades de mim quando eu fico muito tempo sem postar, mas fazer o que se eu estava sem tempo nem pra respirar?!
Mas vamos as novidades. Não, eu ainda não tenho o resultado do meu IELTS! O resultado sai 14 dias depois da prova, ou seja, dia 04 de fevereiro. Mas entre a prova e o resultado, veio a tempestade!
Na verdade a tempestade veio antes da prova, mas as consequências estão por aqui até hoje. Na terça-feira da minha última semana de aula no preparatório pro IETLS foi o simulado geral que eles fazem uma vez por mês. Antes da prova começar uma das meninas da minha turma, que mora na city, disse que não ia poder comparecer a festinha culinária que estava marcada pra depois da aula porque tinham avisado no rádio e televisão que ia chover forte, o rio ia transbordar e a cidade ia ficar alagada. Achei aquela a desculpa mais esfarrapada da minha vida! Onde já se viu alguém avisar com antecedência que vai ter enchente?! Mas tudo bem... fizemos a prova como combinado e no final os professores pediram pra ninguém sair que eles tinham algo a dizer. As aulas da tarde foram suspensas por que estava chovendo forte, o rio ia transbordar e blábláblá... Avisaram a quem morasse em área de risco que não fosse pra casa e ficasse na casa de parentes ou amigos, pra aqueles que não tinham pra onde ir, a escola ofereceu abrigo. E a nossa festa culinária virou festa do pijama! Como o dono da casa onde seria a festa morava num local seguro, ele convidou a turma pra dormir lá (quem precisasse) e foi o que fizemos. Choveu tanto que a notícia foi parar nos jornais do Brasil! Minha irmã me ligou desesperada, querendo saber como eu estava, dizendo que as imagens nos jornais dai estavam aterrorizantes! E a gente lá, feliz da vida, fazendo bolinho de chuva e enrolando brigadeiro!
E choveu por cinco dias... não tivemos aulas (na verdade tivemos pouquíssimas aulas), televisão, rádio, internet, só falando das chuvas. Foi a pior enchente desde 1974. E ainda assim, só morreram 20 pessoas. A comparação com as inundações e as tragédias que acontecem todo ano com as chuvas de verão no Rio de Janeiro é inevitável. A minha casa ficou seca e a salvo, graças a Deus. (O problema aqui continua sendo as aranhas.) Mas muita gente ficou desabrigada, incluindo três colegas de classe (a menina que eu disse que usou isso como desculpa foi uma delas). Quando a chuva parou, o nível do rio voltou ao normal e tudo foi se normalizando. Menos as barcas (citycat) quem tem uma previsão de oito meses a um ano pra voltar a funcionar. As notícias da chuva foram substituídas por pedidos de doações e voluntários e notícias de gente que perdeu tudo, mas que com a ajuda do governo, estava retomando a vida. Durante uma semana, todas as viagens em transportes públicos foram de graça, pra que os voluntários pudessem ir a todos os lugares que estavam precisando.

E nessa semana eu só estudei! Estudei, estudei, estudei... joguei um pouquinho no facebook também, que eu não sou de ferro! E enfim, o dia da prova! Mas como chegar até o local da prova se o citycat não estava funcionando? Quem tem amigos, tem tudo, graças a Deus! E lá fui eu pedir carona até a city pra, de lá, pegar um ônibus até a faculdade onde seria a prova. E não é que a faculdade era caminho pro trabalho do amiguinho e ele me levou até lá! Cheguei super na hora, graças a Deus. Organização da prova nota mil!! Como tudo aqui em Brisbane. Revista de lá, revista de cá, confere passaporte, só pode entrar na sala de prova com lápis, borracha branca, passaporte e garrafa d'água transparente. Sem bandana, Clarisse. Sim, mandaram eu tirar a bandana. Banheiro, remédio pra cólica (ninguém merece), só um pouquinho de água - não pode ir ao banheiro durante as provas - e lá fui eu pra sala de prova. Na sala fui encaminhada à minha mesa. Lugar marcado com minha foto, número do passaporte e de candidato e o horário da minha entrevista pra testar a fala (speaking test): 12h40. Primeiro foi listening (ouvir), 30 minutos, 40 questões, sem repetições. Perdi uma resposta, escrevi 'shit' ao invés de 'sheet' (mesma pronúncia) e sobremesa 'dessert' ao invés de deserto 'desert'. Fora isso, tudo certo! Depois reading (interpretação de texto), 60 minutos, três textos gigantescos, 40 questões. Com as técnicas ninjas que aprendi na escola consegui responder todas as questões. Tirando que meu 'm' maiúsculo em uma das respostas (Madagascar) parecia qualquer coisa menos um 'M', acho que fui muito bem nessa parte. Ai veio o writing... 60 minutos, duas redações. A primeira, pra analisar dois gráficos e compará-los, mínimo de 150 palavras. A segunda, o que causa e quem são os responsáveis por comportamentos anti-sociais em indivíduos da sociedade moderna, mínimo de 250 palavras. Claro que eu não terminei as duas né! Mas acho que deu pra passar. Terminada essa etapa, corri pro banheiro, peguei minha bolsa na salinha da segurança e tentei comer um dos sanduíches que tinha levado de almoço quando chamaram meu nome pra entrevista. Fui a primeira! Perguntas gerais pra saber que eu não sou uma completa idiota em inglês, falar por dois minutos sobre um tema específico pra saber se eu consigo manter a fluência e falar sem precisar traduzir primeiro (meu tema foi: fale de um(a) amigo(a) que você tem a muito tempo, quem é, como se conheceram, há quanto tempo vocês são amigos, porque a amizade é importante pra você. Um minuto pra preparar, GO! E desembestei a falar da Jade!), perguntas mais gerais e com um nível mais avançado pra saber até onde vai meu inglês (meu tema foi amizade e internet! Rá!).
E quinze minutos depois da entrevista e 4 horas de prova depois, já estava eu do lado de fora, tremendo igual vara verde (nunca entendi essa expressão), chorando de alívio! Fui pra casa e dormi até o dia seguinte, uma hora da tarde!
Essa semana está um tédio! Nada pra fazer nessas férias forçadas, batendo perna entregando currículo por ai pra ver se consigo um emprego e entra uma grana extra pra fazer uns passeios. A ansiedade não me deixa dormir a noite (e telefonemas de número restrito pro meu celular do Brasil também não). Domingo agora tem feijoada da Hello Austrália e vou lá matar as saudades da farofa (já que eu não gosto de feijão preto mesmo).
Ah... estou tentando aprender a cozinhar! Mas com o preço das coisas por aqui, ovo cozido e macarrão ao alho e óleo estão virando minhas especialidades! =)

É isso, amores. O próximo post trará o resultado da prova. Ou isso ou uma carta de despedida da Austrália, porque se eu não passar na prova eu não posso fazer o curso de professor e se eu não fizer o curso terei que voltar mais cedo pra casa... Eu sei que vocês estão morrendo de saudades minhas, mas torçam pra eu passar ok?!

Kisses and see ya!